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"Weyward" - review


“Weyward” tornou-se um livro bastante especial para mim. Uma história de três mulheres da mesma família, passada em épocas distintas: Altha, 1619; Violet, 1942; Kate, 2019. Um livro que fala do que é ser mulher em cada uma dessas épocas, que fala do que é ser estranha e que, acima de tudo, fala de nos deixarmos ser quem somos.


Este não foi daqueles livros que li numa assentada, pois senti que tinha que digerir bem cada pedacinho da história, cada vivência de cada uma das protagonistas, que tinha que entender o porquê de este livro me dar um friozinho na barriga. “Weyward”, como a autora explica logo no início, remete para aquilo que é estranho, e todos nós já nos sentimos um pouquinho estranhos. Pergunto-me até que ponto é bom deixarmos de nos sentir, já que isso pode significar a perda daquilo que nos faz únicos, da nossa individualidade, seja por tentarmos calar essa nossa parte ou por nos fazerem calar.


Dizem que “somos as netas das bruxas que não foram queimadas” e este livro tem mesmo essa premissa, não começasse ele com a Altha a ser julgada por bruxaria. A mãe da Violet, mesmo 3 séculos depois também é fechada num quarto para não mostrar ao mundo quem é; a própria Violet é impedida de sair da propriedade e sabe que não deve brincar com animais para não assustar os criados; já a Kate nem ousa ouvir o cantar dos pássaros. Partes de cada uma destas mulheres é escondida para não serem chamadas de estranhas, para se enquadrarem na idealização daquilo que uma mulher deve ser.

Uma das minhas frases favoritas deste livro lê-se “(...) no tempo em que a linguagem era apenas um rebento que brotava da terra, Weyward: é o que nos chamavam, quando não nos submetiamos, não nos curvavamos à vontade deles”. Tirando a Altha, que foi educada pela sua mãe, estas mulheres cresceram a aprender que devem tomar um certo caminho, que devem obedecer a certas regras para serem boas meninas. A verdade, no entanto, é que aquilo que nos é imposto não é propriamente o nosso caminho ou o que nos faz mais feliz - a Violet é tão reprimida pelo pai que se sente culpada quando abusam dela; e a Kate vive com uma ilusão tão grande de que o Simon é o amor da vida dela, que acaba numa relação abusiva.


Com o avançar da narrativa vemos as nossas protagonistas a libertarem-se das amarras invisíveis que as impediam de serem o que queriam ser e não o que as impunham ser. Vemos três mulheres a encontrar forças nas adversidades, a acreditar em si e a sentirem-se parte de uma linhagem de mulheres poderosas, como se todas as suas antepassadas estivessem lá a dizer-lhes “vai correr tudo bem”.



Sobre a história:

Altha, Violet e Kate são três mulheres da mesma família, que vivem em tempos diferentes.

Acusada de bruxaria, Altha encontra-se prestes a descobrir se será condenada à morte. Ela pensa na sua mãe e em como ela a avisou que mulheres como elas tinham que ter cuidados redobrados; como não podiam confiar em toda a gente.

Violet não pode sair dos limites da propriedade, e mesmo nos jardins, deve ter cuidado para brincar com os animais…já chegou o incidente com as abelhas. Ela quer sair e explorar, quer estudar na universidade como o seu irmão, quer conhecer a história da sua mãe, aquela a que os criados chamam de estranha.

Kate, por sua vez, vive numa situação de refém dentro da própria casa. Simon fê-la despedir-se do seu emprego, controla todas as suas saídas e até a roupa que veste. Mas Kate está farta, ela tem que se libertar desta prisão em que vive. Quando a tia Violet morre e lhe deixa a sua pequena casa no campo, ela decide que é a hora.

Uma linhagem de mulheres inteligentes, fortes, resilientes e lutadoras. Mulheres que têm uma conexão forte com a natureza e os animais; mulheres que sabem como usar os seus conhecimentos para curar; mulheres que são Weyward.



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Pontos fortes: três histórias distintas; mulheres fortes e inteligentes; história inconvencional; escrita simples, fluída e com passagens muito bonitas.


Pontes fracos: existem vários tópicos sensíveis abordados neste livro, pelo que pode não ser confortável para toda a gente.


Frase favorita: a que já mencionei.


Trigger warnings: relações abusivas; violação; aborto; morte; entre outros menos presentes.


Pontuação final: 5/5

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