São do tipo de pessoa que planeia tudo ou vão com a corrente? Sempre fui muito mais o tipo de miúda que aponta tudo na agenda e gosta de saber com o que contar, mas nos últimos anos tenho chegado à conclusão que, por muito que queira, não consigo controlar tudo, e que a espontaneidade é mesmo necessária.
A Dannie também é o tipo de pessoa que planeia tudo na sua vida, desde a idade ideal para ser pedida em casamento à melhor fase para ser partner na sua empresa de sonho. Juntamente com o seu namorado, a advogada tem um plano de cinco anos detalhado de como será a vida de cada um e a vida conjunta.
Bibbidi bobbidi boo, numa junção de magia e multiversos da Marvel, Dannie tem um sonho em que vê o seu futuro, daqui a 5 anos. Isto perturba-a imenso, pois sentiu que aquele sonho foi de tal forma real, que só pode acontecer. Mas, por outro lado, como raio vai aquilo acontecer? No seu sonho, ela está num apartamento desconhecido e com um homem que nunca viu! Aquele não pode ser o seu futuro…ela não planeou aquilo.
Penso que é um pouco óbvio a parte que diz respeito ao sonho acontecer ou não, mas é interessante percorrer o caminho até lá chegar. Percebemos que a advogada evita tanto a chegada da data do seu sonho que se esquece de viver o presente e toma decisões com base em algo que ainda não aconteceu. O seu plano de 5 anos e o seu sonho são tão divergentes, que ela, sem se aperceber, vive e faz tudo para que o plano inicial resulte, esquecendo-se de se perguntar como se sente e se aquele plano ainda faz sentido na sua vida.
Este livro é uma história de amor. Não entre a Dannie e o seu namorado ou a Dannie e o homem misterioso. Esta é uma história de amor entre duas amigas: uma que quer controlar tudo e planear todos os seus pormenores da sua vida, outra que é espontânea e um espírito livre. Duas amigas que são muito diferentes, mas que ensinam tanto uma à outra.
Este é também um livro que parece um soco no estômago, é duro e triste. É sobre a necessidade que temos de controlar tudo, mesmo quando não sabemos como o fazer e quando sabemos que não o podemos fazer. É sobre nos apoiarmos sempre na ciência e nos números, até ao dia em que eles estão contra nós e precisamos de algo chamado fé.
Não posso dizer que tenha gostado muito desta leitura, pois achei-a bastante previsível, e o sentimento de tristeza e fatalidade que vão crescendo não são algo que aprecie particularmente. Ainda assim, foi interessante perceber que o fim que se espera, não chega da maneira mais óbvia.
Sobre a história:
“In Five Years” conta a história de Dannie, uma mulher que vê tudo através de números: a quantos quarteirões está da sua casa; com que idade é suposto ser pedida em casamento; em quantos anos deve estar a trabalhar no seu emprego de sonho.
Para além dos números, Dannie adora planear a sua vida, tendo um plano bem detalhado de onde e como estará daqui a 5 anos. Uma noite, após receber a confirmação de que está no caminho certo para atingir o seu plano, adormece e tem um sonho muito estranho, tão estranho que parece real. Dannie acorda num apartamento que não reconhece, onde está um homem que não reconhece. Vê a data no telejornal que está a passar na televisão e apercebe-se que andou 5 anos para a frente. O homem está a fazer-lhe comida e demonstra carinho por ela, mas ela não sabe como (re)agir, já que nunca o viu. De súbito, um olhar de compreensão e o instinto leva-os a fazer sexo. Dannie acorda no seu apartamento, perguntando-se que raio de sonho tinha sido aquele e se tinha de facto sido um sonho.
Entre o novo emprego e o pedido de noivado, Dannie acaba por colocar aquele sonho maluco de lado e seguir com a vida, tendo um receio inconsciente de que aquela data chegue e se torne realidade.
Pontos fortes: a relação das duas amigas; bom livro para quem quiser começar a ler em inglês.
Pontes fracos: final previsível; plot triste; fim em aberto.
Frase favorita: “I imagine being pregnant. Shopping in this store for my own tiny creation. It makes me want a cocktail!”
Pontuação final: 3/5
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