Em Abril, entrei para o clube do livro "The Characters Club"! Como a sugestão do mês era a "Biblioteca da Meia-Noite", livro que já tinha lido há uns meses, decidi ler o primeiro livro que sugeriram - ainda antes de eu ser aceite no clube. Esse livro era o "Lessons in Chemistry" e eu não podia estar mais surpresa com o quanto gostei dele!
O livro conta a história de Elizabeth, uma cientista nos anos 50. Pensem comigo: se ainda hoje, em 2023, existe um número inferior de mulheres em Ciências, quanto mais em 1950! Já estão a ver para onde isto vai? Preconceito, tratamento diferenciado, machismo e descredibilização são constantes no dia a dia de Elizabeth. E é ai que vemos uma protagonista forte, inteligente, feminista e emancipada.
Começamos este livro com a Elizabeth a entrar furiosa no escritório do pai de uma colega da escola da filha (Mad), uma vez que esta andava a comer-lhe o almoço. Mas não ficamos aqui. O livro leva-nos numa viagem pela vida da Elizabeth, desde o romance que vive com Calvin ao nascimento de Mad, de ser despedida a desenvolver o seu próprio laboratório em casa. E nesse momento, amarramos de novo a história que começa o livro.
"Lessons in Chemistry " toca em assuntos bastante sensíveis como violência sexual, assédio, descriminação de género, morte e suicídio. Ainda assim, este livro consegue não ser pesado nem ter uma aura fatalista. Também não é um livro querido e reconfortante. No fundo, acho que a melhor palavra para descrever este livro é "real". Não porque seja uma história comum, mas porque aborda coisas que acontece a muita gente e traz sentimentos que são e estão muito presentes no nosso dia-a-dia.
Eu adorei este livro. Desde a força da Elizabeth à forma como a Mad cresce curiosa e livre; de como o Calvin continua presente e continua a ser um conforto para Elizabeth ao apoio que um cão como o Six-thirty pode dar; de como a protagonista é vista como uma aberração pelos homens à forma como as mulheres a admiram e procuram os seus conselhos. "Lessons in Chemistry " não é uma história vulgar, é composta por pedaços de cada personagem, faz-nos pensar, surpreende-nos e agarra-nos. De uma certa forma, consigo ver semelhanças entre este livro e "Seven Husbands of Evelyn Hugo": protagonistas fortes, personagens secundárias interessantes e com personalidades bem definidas, sem um grande twist final, mas que nos enche as medidas.
Sobre a história:
Elizabeth é uma cientista que trabalha num departamento dominado por homens, onde é alvo de descredibilização e julgamentos. Um dia, Calvin, um dos cientistas mais brilhantes da empresa, chega mesmo a confundi-la com uma secretária! Ora, que raiva! Quem é que ele acha que é? Quem é que ele acha que eu sou?
Mas a verdade é que Calvin não é como os outros homens, ele realmente cometeu um erro inocente ao achar que Elizabeth era uma secretária. De facto, ele é compreensivo, incentiva, valoriza e respeita o trabalho de Elizabeth. Os dois cientistas apaixonam-se e prevê-se uma vida cheia de sucessos e amor.
No entanto, a vida de Elizabeth dá uma volta que ninguém esperava. Sem emprego e com uma filha para criar, agarra uma oportunidade que não vai propriamente de encontro às suas ambições, mas que lhe permite sustentar a sua família: Elizabeth vira uma cozinheira num programa de culinária de TV.
Embora o show tenha algumas exigências, a cientista torna-o seu, falando de conceitos químicos, do não reconhecimentos que as donas de casa têm e encoraja as mulheres a seguir o seu próprio caminho.
Um livro sobre força, independência e superação, com episódios surpreendentes e personagens apaixonantes.
Pontos fortes: protagonista forte, emancipada e feminista; várias reviravoltas durante o livro; escrita que entretém ao mesmo tempo que critica a sociedade dos anos 50 (e de certa forma, também a atual).
Pontes fracos: o final minimiza os feitos da Elizabeth enquanto profissional.
Pontuação final: 4.75/5
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