Post Convidada: Solange Silva
Tenho por hábito apontar na minha agenda os eventos e compromissos que terei nos próximos tempos. Todos os dias, o processo é o mesmo: abro a primeira gaveta do meu gavetão, retiro a agenda e vejo o que terei para aquele dia. Mas, no passado sábado, ocorreu uma coisa diferente nesse processo. Era dia 15 de abril, eventualmente, para muitos, um dia como tantos outros, mas para mim foi o dia de “cair na realidade”. Em frações de segundos, percebi que, dali a um mês, estaríamos a meio do mês de maio, e, a verdade, é que ainda vivia o meu ano, como se 2022 tivesse sido há um mês atrás.
Andamos tão ocupados na correria do nosso dia a dia que nem damos pelo passar do tempo. Quando chegamos à vida adulta, à tão esperada independência financeira, a nossa vida torna-se monótona. Acordamos de manhã, dirigimo-nos para o trabalho, chegamos a casa, jantamos e vamos para a cama dormir. No dia a seguir, fazemos exatamente a mesma coisa, e nos 3 dias seguintes... o mesmo. E quando chega o fim de semana, aqueles dois dias por que tanto ansiamos à segunda-feira, não sabemos como aproveitá-los e quando damos por ela... já passaram.
Isto tudo leva a questionar-me o que andamos a fazer da vida e qual o nosso propósito. Passamos uma vida inteira a trabalhar, para nos conseguirmos sustentar e fazermos aquilo que mais gostamos, mas a verdade é que, na maioria dos casos, só fazemos a primeira coisa: sustentarmo-nos. E é por isso que o tempo passa e ultrapassa-nos. Porque não sabemos aproveitar a vida. Porque andamos tão ocupados com a monotonia da nossa rotina que nem nos apercebemos a quantas andamos.
Uma vida parece muito tempo, um tempo infindável, mas quando damos conta, esse tempo já vai a meio e o que podíamos ter vivido já passou. Por isso, talvez esteja na hora de começarmos a parar, e a observar e valorizar as pequenas coisas que estão à nossa volta e que nós nem nos apercebemos. Talvez esteja na hora de começarmos a passar mais tempo de qualidade com aqueles que gostamos. Talvez esteja na hora de termos mais conversas. Talvez esteja na hora de fazermos aquilo que mais gostamos. Talvez esteja na hora de viajarmos mais e alargarmos os nossos horizontes. Talvez esteja na hora... de não deixarmos que o tempo nos ultrapasse.
E para terminar, tenho só uma questão para te fazer: a tua vida, vale a pena ou a galinha inteira? Desde sábado passado, a minha começou a valer o galinheiro todinho.
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