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A doce (in)consciência da fé.

Post Convidada: Margarida Martins

Por estes dias, num daqueles zappings de domingo à tarde, deparei-me com a frase “se a vida é dura para quem tem fé, imagina para quem não tem”.

Como agnóstica que sou, não consegui deixar de pensar sobre o assunto e refletir se a fé não será o combustível da vida. A tendência dos racionais, como eu, passa por não acreditar que há um destino traçado, e que a nossa vida é uma consequência das nossas escolhas. Engraçado, se pensarmos que a própria Bíblia defende este livre arbítrio, mas, em contradição, refere que todos nós já somos predestinados.

Pessoalmente, creio mais na filosofia e defendo que as nossas ações são inerentes à nossa vontade, e ocorrem (ou não) devido a forças internas ou externas. Porém, tal como a Bíblia, também eu sinto que entro em contradições diárias. Quando o assunto parece já não ter resolução humanamente possível, tenho uma tendência clara para pensar em palavras como “milagre”. Sinto que sou inconscientemente crente em algo superior a nós, para dar resposta ao que nós já não conseguimos.

O desespero conduz-nos à fé. Quem já a tem, não a estranha, e vive quase com uma rede de proteção, para qualquer eventualidade. Parece-me ser muito mais fácil acreditar que para lá de nós, há alguém ou algo que resolverá os problemas por nós.

Torna-se ainda mais curioso quando os problemas não têm nem resolução humana, nem divina. Nesse caso, ouvimos os crentes a agarrar-se a algo como “foi assim, porque tinha de ser” ou “tudo tem um motivo”. Há sempre um lado bom. Por isso é que eu creio que a vida é mais doce para quem tem inconscientemente fé. E para sorte deles, ela parece ser infinita, pois mesmo quando não produz os resultados esperados, há uma razão superior e melhor para que não tenha produzido os resultados que queríamos.



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