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"Raparigas Como Nós": review

O “Raparigas Como Nós” chegou à minha vida como a maioria dos livros chega - não, eu não compro livros só pela capa -: alguém o recomendou aqui pelo mundo da internet, muito provavelmente no Tik-Tok. A curiosidade ficou e quando comecei a seguir a Helena (autora) e o seu BookGang sabia que não tardaria muito a lê-lo.


Não esperava nada, mas ainda assim senti-me desiludida quando o comecei a ler. A personagem principal é uma adolescente a passar por coisas de adolescente numa vida de adolescente. Disse adolescente muitas vezes? A verdade é que senti que estava a ler o livro no momento errado da minha vida e que o teria adorado quando tinha 15 anos.


Mas depois chegou o Simão e fez-se o “clic”. Reconheci o Simão na minha vida, alguém de quem gostamos ao ponto de não conseguir ver o que se está a passar na realidade, a ideia fantasiada de uma pessoa, a ilusão de que podemos salvar ou mudar alguém. Até o Simão (re)entrar na vida da Isabel, estava a ler uma história de uma adolescente com a qual não me identificava particularmente; quando o Simão entrou, comecei a ler pedaços da minha própria história. Afinal, a Isabel era uma “rapariga como eu”.



Acredito que o "Raparigas Como Nós" é um livro necessário, principalmente para todas as raparigas que não conseguem exprimir o que sentem ou falar com amigas sobre isso, pois vão encontrar na Isabel e na forma como se expressa esse exemplo, e até essa amiga. Continuo a crer que este livro seria ainda mais importante quando também eu era adolescente, mas não deixou de ser um bonito regresso a um lugar onde já estive, para onde consigo olhar com uma maturidade que não existia e com um distanciamento muito necessário.


O final do livro é um verdadeiro murro no estômago e foi dos livros que mais me emocionou. Considero o que aconteceu quase que uma metáfora para a vida da Isabel e para a sua relação com o Simão.


A escrita da Helena é maravilhosa. Simples, mas com alguns toques de sofisticação; exprime sentimentos e emoções que não são fáceis de pôr em papel; e tem algumas frases que são verdadeiros tesourinhos e que fui partilhando com amigas, conforme fui lendo.


“Talvez não passemos de dois estranhos com uma história comum”


“O coração devia ter um botãozinho para apagar o histórico”


“Percebi que não gostava dele, mas sim da versão que criei. A pessoa real acabou por não ter nada a ver comigo”


"Vivíamos em esforço - ele a tentar mudar e eu a tentar aceitá-lo”


“Durou o tempo suficiente para nos fazer mudar e isso é para sempre”



Ao contrário de outros posts em que falo um pouquinho sobre a história, desta vez não o farei, já que dificilmente conseguiria não dar spoilers sobre a vida da Isabel e do decorrer das suas relações.


Pontos fortes: ótimo retrato das relações na adolescência; escrita simples e bonita; boa fluidez da narrativa.

Pontes fracos: não me consegui identificar com a personagem logo no início; o título sugere uma história diferente.

Pontuação final: 4/5

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