Bridgerton: livros vs série

Conheci Bridgerton pela série da Netflix, por conta de todo o burburinho que a primeira temporada gerou quando saiu. A curiosidade levou a melhor de mim e também eu assisti ao romance entre Daphne e o Duke de Hastings.

Quando saiu a segunda temporada, vi-a quase de uma assentada. Gostava da personalidade forte da Kate e do seu arrufinho com o Anthony - o quanto o moço ganhou com o corte de cabelo de uma temporada para a outra!!!

E depois? Queria mais! A Netflix deixou-nos num cliffhanger com toda a situação da Penelope e da Eloise. Fui ao Twitter ver algumas coisinhas que se passaram nos livros, não fosse eu fã de um bom spoiler - quando eu o peço! Fiquei com curiosidade para ler os livros e saber mais, já que a minha experiência com Harry Potter é que se os filmes são um 10, os livros são um 1000. Mas vamos ser honestos, 9 livros a mais ou menos 20 euros cada um... no, thank you. E por isso decidi deixar a ideia de lado até...ter um Kobo!

Comprei o primeiro livro "O Duque e Eu" e tenho a dizer-vos: não leiam os livros, vejam a série! Sim, sim, eu estou mesmo a dar este conselho. A verdade é que os livros são bem diferentes da série e é sobre algumas dessas diferenças que vos venho falar, focando-me no primeiro e segundo livro, primeira e segunda temporada, respetivamente.

1- O Duke de Hastings é um cretino. Sim, o ator que interpreta este papel é muito bonitinho e mesmo o Simon da série é engraçadinho... mas no livro...não há paciência. Rude, mandão, acha que sabe tudo e aquela coisa de "o homem é que manda"..........no que é dele e nem isso. Sei que é suposto retratar os anos de 1800s, mas sobe-me os nervos e dou graças à Netflix por o ter feito bem mais agradável.

2 - Os livros focam-se apenas e só nos casais. Enquanto que na série vamos acompanhando várias personagens ao mesmo tempo, nos livros só acompanhamos os casais e com quem eles conversam. A série tenta acompanhar diferentes personagens para preparar a temporada seguinte, dá-nos pontos de vista diferentes, vemos o que fazem, sentimo-nos mais envolvidos com todo o casting. Nos livros sabemos o que o rapaz e a rapariga pensam. Apenas e só, o que acaba por diminuir a riqueza do enredo.

3 - A Rainha não é uma personagem presente. De facto, acho que nem ouvi falarem dela. Enquanto que na série vemos a Rainha Charlotte, ela escolhe a rapariga mais perfeita e adora todo o gossip da Lady Whistledown, ou seja, é uma personagem envolvida no enredo; no livro, ela não aparece de todo.

4 - A Daphne não era o diamante da temporada. A série dá-nos uma Daphne lindissíma (Phoebe Dynevor) que é considerada a rapariga mais maravilhosa da temporada de matrimónios. Pois, nos livros a Dapnhe é considerada uma rapariga banal e já conta com 2 temporadas sem casar.

5 - O Duke não faz boxe e ainda gagueja em adulto. Sabemos que o Simon não conseguia falar quando era criança, o que levou o seu pai a renegá-lo. Bem, enquanto que na série ele ultrapassou isso em criança com a ajuda de Lady Danbury, no livro quem o ajuda é uma enfermeira e ele ainda gagueja quando fica nervoso. Para além disso, ele não pratica boxe, ao contrário do que vemos na série.

6 - Tantos filhos… Na série, o primeiro filho da Daphne e do Simon é um menino que vai ter um nome começado por 'A', de forma a seguir a tradição da família dela. Já no livro, eles têm 4 filhos antes de ela fazer 30 anos e um quinto filho vários anos depois.

7 - Marina who? Na primeira temporada de Bridgerton conhecemos Marina Thompson, a prima das Featheringtons que está grávida, procura urgentemente casar e por quem Colin Bridgerton se interessa. Nos dois primeiros livros, nem sinal dela.

8 - Anthony nunca pede Edwina em casamento. Na série, vemos o Visconde a ajoelhar-se e pedir Edwina, o diamante da temporada, em casamento. Já no livro, isso nunca acontece, já que, embora ele tenha tido interesse em formar união com ela, é forçado a casar com a sua irmã Kate. De facto, na série, Edwina e Anthony chegam ao altar e a rapariga está super enamorada pelo noivo; já no livro, ela simpatiza com ele, mas não o adora particularmente.

9 - Kate e Anthony são forçados a casar. Na série, o visconde e Kate apaixonam-se e percebemos que se casaram. Já no livro, Kate é picada por uma abelha e Anthony entra em pânico, já que foi assim que o seu pai morreu. Em aflição, Anthony tenta sugar o veneno da picada de abelha - ignorando todos os pedidos de Kate para que pare -, que foi precisamente no peito da rapariga. No meio desta cena, a mãe de Anthony, a madrasta de Kate e Portia Featherington aparecem e ficam chocadas com toda a situação. Face aos bons costumes e sendo esta uma posição comprometedora, os jovens ficam noivos, ainda que não se amem.

10 - Fazer amor ou forçar sexo? Na série não vemos a noite de núpcias de Kate e Anthony, mas sabemos que estão apaixonados. Já no livro...ai que desconfortável. Sendo virgem, a Kate pede para adiarem a noite de núpcias, pois sente-se nervosa. Mas Anthony não cede e diz que precisa de tê-la naquela noite...como se fosse um animal que não consegue controlar os seus instintos. De facto, ele acha piada ao nervosismo dela e consegue convencê-la a terem sexo, já que ele é o homem e o exige. Sim, sem dúvida que o Anthony da série é bem melhor. E sim, se a Netflix não mudasse certas coisas como estas, a série nunca teria o sucesso que tem e seria cancelada.

11 - Eloise Bridgerton ainda não está à procura de marido. É estranho este conceito de "à procura de marido", mas é basicamente isso. Quando atingem uma certa idade, as raparigas são apresentadas à sociedade e passam a frequentar eventos sociais onde estão futuros pretendentes. Se na segunda temporada, Eloise se apresenta à sociedade e até desenvolve um interesse com um rapaz da classe trabalhadora; no livro, quase não há menções a esta Bridgerton, já que, tal como disse, tudo se foca nos casais.

12 - A identidade de Lady Whistledown não é conhecida. Se sabemos que Lady Whistledown é Penelope Featherington logo na primeira temporada, chegamos ao final do segundo livro sem fazer ideia quem seja a colunista. De facto, os livros têm pequenos excertos no início de cada capítulo assinados pela misteriosa senhora, mas é só isso. E, mais uma vez, são apenas focados nos casais. O que perde um pouquinho o encanto do gossip...

São várias as diferenças entre os livros e a série, sendo estas apenas algumas delas. Confesso que os livros me desiludiram um bocadinho, pois pensei que fossem tão atuais como a série, mas a verdade é que eles já foram escritos há mais ou menos 20 anos. Também prefiro a fluidez da série e a forma como todas as personagens interagem e têm histórias interessantes (não só o casal protagonista).

Ainda não sei se vou ler/ouvir os restantes livros, mas provavelmente sim, já que foi a curiosidade de saber o que se vai passar na série que me levou a ler os dois primeiros. Se me perguntarem se recomendo os livros que li, tenho que dizer que não, e que é melhor ficarem pela série.